Nesta segunda-feira, 23/03, adeptos e praticantes das
religiões de matrizes africanas como Umbanda e Candomblé, realizaram atos em
frente ao Ministério Público Federal – MPF, na Avenida Beira Mar, Bairro 13 de
julho, Zona Sul de Aracaju. Os Atos pediram o fim da intolerância religiosa.
O ato fez parte do dia da Mobilização Nacional dos adeptos
das religiões de Matrizes Africanas que ocorreu em todas as capitais brasileiras.
Em Aracaju, capital sergipana, o protesto aconteceu na sede do MPF e reuniu
cerca de 100 pessoas, todos paramentados com vestes tradicionais e tocando seus
instrumentos e cantando aos seus orixás.
Um dos coordenadores do ato em Sergipe Irivan de Assis,
representante da federação das religiões de matrizes africanas em Sergipe, falou
sobre a importância do ato e sobre a união e fortalecimento da religião. “A
décadas que a universal, principalmente, vem atacando as religiões de matrizes
africanas, ela vem nos atacando em seus programas televisivos, em seus cultos
em sua publicações, mas é chegada a hora de dar um basta nisso. A décadas somos
atacados, temos terreiros fechados como aconteceu em laranjeira e agora a
afronta mostrada através desse vídeo do “Exercito da Universal”, foi a gota d’água”, disse Irivan.
A ‘’Casa de Oxumarê”
na Bahia é lar do Babá PC que escreveu uma carta em repúdio a criação do “Gladiadores do Altar” com a função ,
segundo os criadores, de entrar no inferno e resgatar as almas. Para Irivan, “a
justificativa de entrar no inferno e resgatar as almas não passa de uma
mentira, pois a única coisa que eles entendem como templo do demônio somos nós,
praticantes das religiões afro, a únicas almas que eles ser referem são as
nossas”, enfatizou.
A Associação Sergipana dos Terreiros de Umbanda e Candomblé
– ASTUC,, “A universal bem como outras designações protestantes não somente o
desrespeitam a Lei 7.1170 em seu artigo 24, mas demonstram também o preconceito
religioso com a fé nos orixás professada pelos praticantes da religião”,
afirmou ele.
Ainda segundo ele “A união de forças entre as diversas nações
por uma causa única e valiosa que a liberdade do direito ao culto, ao sagrado é
o meio imprescindível de se lutar contra a opressão imposta por diversas
designações evangélicas, pois foi dessa forma que eles conseguiram ter maioria
dentro da politica e aprovar leis que sempre acabam lhes convir”,
afirmou Jackson.
Presenta ao ato através de sua representante Kellen Muniz,
representante da Comissão de Igualdade Racial, a OAB-SE demonstrou seu apoio à causa
ao atender o chamado. “Nós da comissão trabalhamos com esse tipo de causa de descriminação
de credo e de raça com muita frequência, infelizmente. Quando convidados para
unir forças a esta batalha não pensamos duas vezes pois os fatos por si só,
historicamente se justificam”, informou Kellen Muniz.
O grupo protesta contra a lei que está em pauta no Congresso
Nacional e descriminaliza o sacrifício de animais, rituais praticados pelas
religiões afro. “Proibir através da criminalização o ´Sacrifício de Animais`
que são utilizados para o consumo, para alimentar as pessoas durantes as
celebrações é proibir que os nossos cultos, que o nosso sagrado seja
realizado”, disse Jane Lucia (Yalorixá Yá Ganga).
Ao sair da audiência Fernando Aguiar Babalorixá do Abassé
São Jorge e membro da diretoria do
afroxé Omo Oxun, disse ter gostado da conversa com a procuradora e falou sobre os direito a serem
reivindicados através dessa ação. “Reivindicamos os direitos dos seguidores de
praticar o nosso sagrado, pois, ainda que a maior dificuldade seja a cultural
que dificulta e compromete a diversidade atingindo além do pessoal o sagrado,
reivindicamos a ordenação aos direitos e a legislação para que respeitem as
tradições do povo que fundou esse país”, concluiu Fernando.
No final da tarde a Procuradora Regional da República
Gicelma Santos do Nascimento recebeu uma comissão formada por integrantes das
religiões que protocolaram a carta protesto contra a descriminação religiosa. O
documento pede também que seja investigada a criação do “Exercito da Universal”
que seria mais uma afronta aos praticantes. O documento será analisado e
encaminha aos responsáveis, neste caso, a procuradoria regional dos direitos do
cidadão, órgão do MPF que cuida das questões de discriminação religiosa.
POR: R. LIMA
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