O dia 20 de novembro faz menção à consciência negra, a fim
de ressaltar as dificuldades que os negros passam há séculos no Brasil. A
escolha da data foi em homenagem a Zumbi, o último líder do Quilombo dos
Palmares, em consequência de sua morte. Zumbi foi morto por ser traído por
Antônio Soares, um de seus capitães. A localização do quilombo ficava onde é
hoje o estado de Alagoas, na Serra da Barriga.
A morte de Zumbi foi uma forma desesperada de um estado – na
época escravista – tentar restaurar sua supremacia sobre o povo negro sofrido, com
o corpo preso pelos grilhões, mas com a alma livre. Esse sonho de liberdade aos
pouco foi se transformando em ações, em quilombos e a sociedade escravista não
pode aceitar tamanha afronta de um povo tão insignificante socialmente.
Os quilombos, como o de palmares onde vivia Zumbi, foi
levantado para abrigar escravos fugitivos, pois muitos não suportavam viver
tendo que aguentar maus tratos e castigos de seus feitores, não acabaram com a
morte de Zumbi, traído por um de seus capitães, eles ainda hoje vivem e abrigam
ainda os mesmo negros desrespeitados, excluídos socialmente.
Ao longo da história, os negros não foram tratados com
respeito, passando por grandes sofrimentos. Pelo contrário, foram escravizados
para prestar serviços pesados aos homens brancos, tendo que viver em condições
desumanas, amontoados dentro de senzalas. Muitas vezes suas mulheres e filhas
serviam de escravas sexuais para os patrões e seus filhos, feitores e capitães
do mato, que depois as abandonavam.
Seu modo de vida era abafado, seus costumes familiares eram
submetidos ao desrespeito branco, suas crenças religiosas sofriam todos os dias
e a todos os momentos tentativas de expurgo pela igreja católica e o supremo
cristianismo da época.
Nem tudo isso foi capaz de fazer morrer sua riqueza cultural,
riqueza esta que pode ser vista nos dias atuais – mesmo que ainda reprimida por
boa parte da sociedade – em rituais religiosos de Candomblé, Umbanda, Kimbanda,
Tambor de Miná, e tantas outras. Suas línguas, como o Yorubá ainda se fala em
nosso Brasil.
A Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de
1888, que Jogou os escravos ao leu como forma de liberdade sem assistência, não
os libertou do preconceito da sociedade.
Essa liberdade vem sendo buscada a cada dia por irmão
quilombolas que chegam a presidência de conselhos de segurança alimentar, por conselheiro
do Consean, líder de entidade de candomblé que convive em pleno respeito com
conselheiros católicos e evangélicos em busca de um bem maior, por entidades
como a ASTUC, por quilombos por homens e mulheres que fazem das politicas
públicas - embora poucas, hoje
existentes – uma forma de reparação pelos tantos erros governamentais cometidos
contra o povo negro, seus costumes, sua religião.
O dia da consciência negra surgiu para lembrar o quanto os
negros sofreram, desde a colonização do Brasil, suas lutas, suas conquistas.
Mas também serve para homenagear àqueles que lutaram pelos direitos da raça e
seus principais feitos.
Abaixo um pouco dessas conquistas, quando entre os dias 03 e
06 de novembro, praticantes do Candomblé ((Kekeu e Ligia) e da Umbanda (Epaninondas),
ASTUC) sergipana puderam estar em Brasília representando seu estado na criação
de politicas públicas de segurança alimentar e nutricional (SAN). Também
podemos ver imagens da “Marcha das Mulheres Negras”, (16 e 17) que contou com a
participação da companheira Xifronese, Quilombola, membro do CONSEAN/SE e
ex-presidente do órgão.
“OMINIRA NI A OJOOJUMỌ ASEYORI TI O NI LATI WA NI WÁ NIPA
GBOGBO AWON TI O NILO O ATI ỌPỌLỌPỌ AWỌN MIRAN TI O LE PESE O BI A TI IDANIMỌ
TI AWỌN IYI TI DUDU, WỌN AṢA ATI ESIN WỌN BI ARA TI ETO EDA ENIYAN TI O WA NI.”
José Jackson dos Santos, presidente da Associação Sergipana
dos Terreiros de Umbanda e Candomblé – ASTUC.
A liberdade é uma conquista diária que tem de ser buscada
por todos aqueles que precisam dela e outros tantos que podem oferecê-la como reconhecimento
da dignidade do negro, de seus costumes e sua religiosidade como parte do ser humano
de direito que são.
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