O Dia da Consciência Negra foi marcado pela africanidade na praça sergipana que é Patrimônio da Humanidade através do III Círculo de Ogãs, evento realizado pela ONG Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (SAHUDE) e a Associação Cultural Amigos do Museu Histórico de Sergipe (ACAMHS), com apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), Casa do Iphan, ONG Ação e Cidadania João Bebe-Água, ONG Ação Cultural e Prefeitura Municipal de São Cristóvão.
O Círculo de Ogãs foi aberto oficialmente no último sábado, 17, com exposição, recital de poesias e uma bela apresentação musical de jovens que através do ritmo da percussão, entoaram um pouco da musicalidade negra na Praça São Francisco, em São Cristóvão, que também foi palco da programação do dia 20.
Dando continuidade ao evento, muitos debates sobre da cultura afro movimentaram o último dia de atividades, além de apresentações culturais marcantes do movimento negro, que encerraram com maestria o evento festivo, que celebra a riqueza e a contribuição significativa da cultura afro para a formação da identidade cultural do povo sergipano.
O secretário adjunto de Estado da Cultura, Marcelo Rangel, esteve presente e destacou a importância da Secult estar presente no evento, como uma pasta que se preocupa em manter viva a simbologia do dia da Consciência Negra em Sergipe. “O Brasil é formado por uma união de culturas e essa miscigenação marcou, especialmente, a formação da sociedade do nosso Estado. Por isso, a Secult marca presença em uma festa como essa, para celebrar a diversidade do nosso povo em um lugar simbólico como é a praça São Francisco”, destacou.
Organização
Entre os organizadores do evento se destacava a sensação de dever cumprido, com mais um ano de importantes atividades em prol da conscientização do papel do negro na sociedade. Este é o caso da historiadora Rose Barbosa, que faz parte da coordenação da Associação Cultural Amigos do Museu Histórico de Sergipe, uma das organizadoras do evento.
“Esse evento representa muito para nós que somos negros. Venho de uma cidade em que a raiz negra é muito forte, que é Salvador, e fico feliz em ver que aqui em Sergipe, e em São Cristóvão, especificamente, essa raiz a cada ano, com a realização do Círculo de Ogãs, se fortalece ainda mais”, observou.
Orgulho de ser negro
Entre as pessoas que se amontoavam na Praça para acompanhar as apresentações, era possível identificar não apenas negros, mas rostos característicos da miscigenação da população da brasileira, empolgados com o ritmo dos batuques do Grupo Afro Cultural Negro do Ilêaxé, do Grupo de Hip Hop do Ponto de Cultura Circulando e da Capoeira União.
“Temos que respeitar nossos antepassados e passar isso para as gerações futuras, sobre o respeito e o orgulho da nossa cor e da nossa raça”, observou a professora Sandra Silva, que levou alguns alunos para prestigiar o evento. Para ela, iniciativas assim são muito importantes, pois passam para os jovens a importância da data para os negros.
O coordenador do Grupo Afro Cultural Negro do Ilêaxé, Edvanilson Andrade, também deu seu depoimento sobre o papel do negro nos dias de hoje. “Herdei a raiz ogã da minha família e hoje me sinto orgulhoso de poder passar para esses jovens um pouco da musicalidade, da dança e da tradição da raiz negra. Isso nunca deve morrer, afinal, temos que difundir essa cultura para as novas gerações e conscientizá-los sobre o quanto nossos antepassados sofreram para termos a liberdade que temos hoje”, ressaltou.
Quem também estava de longe observando a toda aquela manifestação da cultura afro era o aposentado Manoel Ferreira. Ele que já foi diretor do Museu Histórico de Sergipe, é parte da história viva de São Cristóvão e da trajetória dos negros no município. “O negro é um dos grandes responsáveis pela formação da nossa sociedade, da identidade do povo sergipano. Por isso, sinto-me orgulhoso de fazer parte de tudo isso e de ver que hoje nós temos nosso lugar de destaque nesse Estado”, disse.
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